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Eu gosto de ter em casa objetos antigos que me trazem memórias boas e recuperam aquilo que foi bom ter vivido em algum momento da vida. O meu preferido com certeza é aquele velho cobertor que nesse inverno mais uma vez cobre minha cama. Eu me lembro de fazer embaixo dele uma das minhas brincadeiras preferidas que era tentar me esconder  dos meus pais na cama deles, misturado entre lençóis, travesseiros e cobertores. Ficava ali quietinho, só esperando que me descobrissem. Durante aquele tempo – que me parecia eterno – eu só percebia  minha própria respiração e o aconchego quentinho daquele lugar.  Não há inverno europeu que possa vencer o calor dessa lembrança, uma das mais antigas e íntimas que guardo em casa.

I love to have some old objects at home that carry good memories and bring back to me what I enjoyed living in a certain moment of my life. My favorite one is surely that old blanket on my bed this winter once again. I remember that as a child I would play under it in my parents’ bed, trying to hide myself from them between sheets, pillows and blankets. I would just stay quiet there for a while until they found me. During that time – that seemed to be as long as eternity – things I could notice were only my own breath and the warm cozyness of that place. There is no european winter to beat the warmth of that memory, one of the most intimate and ancient I save at home.