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Quando me perguntam se eu não acho ruim viver num país frio, tendo crescido num lugar tão quente, eu respondo simplesmente que o calor que eu passei quando criança já basta para a vida toda. É pra ver se essa conversa chata acaba por aí porque se continua eu já sei onde vai dar. Raramente encontro pessoas que realmente gostam do calor em si! O que todo mundo gosta é de ficar à toa e para isso o calor é mesmo excelente: praia, rede , água de coco… isso pra mim não significa primariamente calor e sim, férias! Claro que eu também gosto! Mas vai trabalhar todo dia no calor primeiro, depois me diz se continua gostando tanto…

A juventude marcada pelo calor do sol também foi, na mesma medida, marcada pela luz advinda dele e o entorpecimento que o corpo sente quando experimenta o calor em demasia também pode ser comparado ao ofuscamento dos olhos quando expostos à luz exagerada. Quanto mais intensa a luz, melhor podemos enxergar o mundo e menos podemos voltar nossos olhos para ela, que nos castiga com a cegueira. Essa luz tão generosa quanto orgulhosa foi chamada desde muito cedo pela humanidade de luz branca e é da palavra branco em grego (Leukos) que deriva a própria palavara luz em alemão (Leucht/Licht). Daí nasceu uma série de associações do branco com o divino, a realeza, a pureza e a completude.

Zeus não se disfarçou em um touro qualquer para raptar Europa mas num touro branco como também são brancos o unicórnio e Pégasus, o cavalo alado que simboliza a imortalidade. No início, Deus fez primeiro a luz resplandescente e branca, por isso o ovo que simboliza o começo de todas as coisas é branco e esse mesmo ovo branco representa a imortalidade na Páscoa. As vestimentas do Jesus ressuscitado e dos mortos se apresentando a Deus são sempre brancas para representar a Luz, nosso ponto de partida e de chegada, de antes e depois da vida terrena.

Ainda na Bíblia, escrita em terras quentes, o branco que simboliza a pureza é a cor do alimento mais nobre, o leite. Já em terras frias a tradução favorita para expressar a pureza é  um dos elementos da natureza que mais fascina a humanidade: a neve fresca que brilha branca ao sol. E pode existir um povo que entenda mais de neve do que os esquimós? Mas esse é justamente o povo que nem tem em seu vocabulário uma palavra para “neve”… as mais de 40 palavras usadas em inuíte para se referir à neve em seus diferentes estados são os nomes das nuances que os esquimós conhecem da cor que os rodeia. Para eles, a neve é, literalmente, branco.

When people ask me if I don’t find it weird to live in a cold country when I was raised in such a  hot place I just answer the heat I had during childhood is enough for a lifetime. That is trying to make short a boring conversation since I know where this goes. Only rarely I find people who really enjoy the heat itself! What everybody actually likes is having nothing to do and that is what the heat is good for: beach, hammock, coco’s milk… for me, that doesn’t mean foremost heat but vacations!!! Of course I enjoy that! But first you try to work every day in the heat then you tell me if you still like it that much…

If my youth was spent under the sun’s heat it also got the brand of the light that comes from the sun and the same way the body feels numb by too much heat the eyes get blind by exaggerated exposure to light. The stronger the light is the better we can see the world but we should not turn our eyes to the light itself or it will punish us with blindness. Light, as generous and proud as it is was called white light quite soon by human beings  and the greek word for white (Leukos) is the origin for light in german (Leucht/Licht). That is only the begin for a series of associations between white and the Divine, the Royal, the Pure and the Absolute.

Zeus didn’t disguise himself as a simple bull to abduct Europa but a white one just as the unicorn and Pegasus, the winged horse that symbolizes immortality are also white. In the beginning, God first made the light – resplendent and white – therefore the egg that symbolizes the begin of all things is white and the same white egg represents immortality at Eastern. The representations of both Jesus after resurrection and the dead presenting themselves to God always show them dressing white as a symbol for light which is both our departure and arrival points, before and after earthly life.

Still in the Bible, that was written in such hot landscapes, the white that represents purity is the colour of the most noble of the nutriments: the milk. But in colder parts of the world the favorite noun to express purity is the name of one of the natural elements that fascinate human beings the most: the fresh snow that shines in white under the sun. Are there any folk who know more about snow than the Eskimo? But exactly those people don’t even have a word for snow in their vocabulary… there are more than 40 expressions in inuit languages referring to the diferent states of snow but all of them are actually the diferent nuances the Eskimo know of the colour that surrounds them. For them, snow is, literally, white.